Por Caroline Mwanga
WASHINGTON (IDN) — Enquanto planeiam a reconstrução das economias após a pandemia do COVID-19, os países fariam bem em lançar as bases para um futuro verde, resiliente e inclusivo. Esta foi a mensagem das Reuniões virtuais da Primavera do Banco Mundial-Fundo Monetário Internacional (FMI), de 5 a 11 de abril de 2021. O Presidente do Grupo do Banco Mundial, David Malpass, descreveu os principais desafios com que o mundo se depara, incluindo o COVID, as mudanças climáticas, o aumento da pobreza e desigualdade e a fragilidade e violência crescentes como parte da ênfase na Economic Recovery: Toward a Green, Resilient, and Inclusive Future (Recuperação Económica: Para um Futuro Verde, Resiliente e Inclusivo).
A Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, incentivou os países desenvolvidos a continuarem a apoiar a recuperação mundial. Destacou também a importância de ajudarem os países em desenvolvimento a cumprirem as suas metas climáticas juntamente com os seus objetivos de desenvolvimento, acrescentando que a disponibilidade do financiamento verde será crítica.
A Diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, fez também parte da conversação com Malpass e Yellen, apontando que os riscos climáticos constituem uma ameaça crescente à estabilidade macroeconómica e financeira do mundo.
Outros oradores do evento, que discutiram os temas da sustentabilidade, inovação e inclusão, foram os ministros do Camboja e do Egito, jovens, empresários e representantes da sociedade civil. Melinda Gates emitiu um apelo para colocar as mulheres e meninas no centro da recuperação, e a cantora nomeada para o Grammy, Somi, encerrou o evento com uma música, “Changing Inspiration.”
O Presidente do Grupo do Banco Mundial, Malpass, afirmou que a desigualdade é mais aparente nos efeitos diretos da pandemia que atinge mais os trabalhadores informais e os vulneráveis. A desigualdade estende-se muito para além das vacinas, da concentração da riqueza, do impacto desigual do estímulo fiscal e da compra de ativos e do desequilíbrio nas relações devedor/credor, em especial para as pessoas nos países mais pobres.
“O Grupo do Banco Mundial está preparado tanto quanto possível para fazer face a estes desafios,” assegurou Malpass. Em resposta ao COVID-19, O Banco Mundial tomou medidas amplas e céleres e alcançou rapidamente mais de 100 operações ativas de apoio aos países em desenvolvimento. Os compromissos aumentaram 65% em 2020, a partir de 2019.
Antes mesmo de as vacinas estarem disponíveis, trabalhando em estreita colaboração com a GAVI, a OMS e a UNICEF, o Grupo do Banco Mundial realizou mais de 100 avaliações de capacidade. Agora, o Banco Mundial está a aprovar várias operações específicas de financiamento de vacinas por parte da administração todas as semanas aos países, com 10 já aprovadas, mais dez programadas para abril e cerca de 30 mais previstas para maio e junho, num total de cerca de quatro biliões de dólares em 50 países.
Existem grandes desafios para os países garantirem as entregas da COVAX e dos fabricantes. Muitos países em desenvolvimento entraram na pandemia com níveis insustentáveis de dívida. O Banco Mundial trabalhou para alcançar uma iniciativa para a suspensão do serviço de dívida e uma maior transparência nos contratos de dívida, disse Malpaas.
Aparentemente, as duas medidas estão a ajudar. Por exemplo, o Banco Mundial aumentou as subvenções e empréstimos aos países do DSSI (Iniciativa para a Suspensão do Serviço de Dívida) com vista a maximizar os recursos disponíveis para as pessoas.
Além disso, o Banco Mundial e o FMI estão a trabalhar em estreita colaboração para apoiarem a implementação do “Quadro Comum para os Tratamentos de Dívida para além do DSSI” do G20, um novo instrumento para lidar com as vulnerabilidades da dívida soberana. “Estamos a avançar em conjunto no Chade e o Banco Mundial espera conseguir apresentar recursos substanciais de dispersão rápida.”
Malpass afirmou que o Banco está a finalizar um novo plano de ação para as mudanças climáticas, o qual inclui um grande avanço no financiamento, na sequência do seu financiamento recorde para o clima ao longo dos últimos dois anos. Este inclui um novo apoio analítico aos países como parte dos programas integrados do clima e desenvolvimento.
O plano identifica as prioridades principais para a ação com ênfase na adaptação e mitigação. Também inclui uma forte ênfase numa transição justa do carvão. O Banco Mundial está também a trabalhar no sentido de alinhar os seus fluxos financeiros com os objetivos do Acordo de Paris, um tratado internacional juridicamente vinculativo sobre as mudanças climáticas. Foi adotado por 196 Partes na COP 21 em Paris, a 12 de dezembro de 2015 e entrou em vigor a 4 de novembro de 2016. O seu objetivo é limitar o aquecimento global para bem abaixo de 2, preferencialmente para 1,5 graus Celsius, em comparação com os níveis pré-industriais.
A Secretária do Tesouro dos EUA, Yellen, expressou a esperança de que o que os EUA estão a fazer ao nível doméstico seja útil para toda a comunidade global. “Um crescimento mais sólido nos EUA vai espalhar-se de forma positiva para todo o cenário global. E vamos ter o cuidado de aprender as lições da crise financeira, que consiste em não retirar o apoio demasiado depressa.”
Além disso, os EUA deviam incentivar todos aqueles países desenvolvidos que tenham a capacidade, usando a política fiscal e a política monetária, para continuar a apoiar uma recuperação global em prol do crescimento de toda a economia global, enfatizou Yellen.
A Diretora-geral do FMI, Georvieva, garantiu que as medidas tomadas pelos Estados Unidos para fomentar as perspetivas de recuperação nos EUA estão a ajudar o mundo inteiro. Enquanto o FMI está a aumentar as suas projeções para o ano, as fortunas económicas nos países e entre os países estão a divergir de forma perigosa.
“E é por isso que, nestas reuniões, estamos a concentrar-nos em oferecer a todos uma oportunidade justa. Uma oportunidade justa de estímulo em todos os lugares, para que possamos levar a pandemia a um fim duradouro, para apoiarmos uma recuperação sustentável. Mas também uma oportunidade justa para uma possibilidade de uma vida melhor para as pessoas e para os países vulneráveis.”
À medida que as Reuniões da Primavera de 2021 do Grupo do Banco Mundial-FMI se aproximavam do fim, o líder do Banco Mundial afirmou que estava “muito satisfeito” com o forte apoio de todos os participantes, o G7, G20 e o Comité de Desenvolvimento para as ações do Banco Mundial sobre o clima, a dívida, as vacinas e outras prioridades de desenvolvimento.
O Comunicado do Comité de Desenvolvimento do Banco Mundial-FMI elogiou o “aumento do financiamento climático do Banco Mundial ao longo dos últimos dois anos, o seu papel contínuo como a maior fonte multilateral de investimentos climáticos nos países em desenvolvimento, a sua ênfase na biodiversidade e o seu apoio técnico e financeiro na adaptação, mitigação e resiliência”.
O Comunicado aguarda com antecipação o Plano de Ação para as Mudanças Climáticas do Banco Mundial para 2021-2025 e reconhece o seu trabalho na gestão de riscos, preparação e resposta a desastres. “Apoiamos o importante papel do GBM e do FMI nos preparativos para as reuniões da CBD COP15, UNCCD COP15 e UNFCCC COP26 no final deste ano.”
O Comunicado disse ainda: “Apoiamos o adiantamento de recursos da IDA19 do AF23 para o AF22 para auxiliar os países mais pobres na sua resposta imediata à crise do COVID-19. Acolhemos também o avanço da IDA20 por um ano.”
A International Development Association (IDA) (Associação de Desenvolvimento Internacional) é a parte do Banco Mundial que ajuda os países mais pobres do mundo. Fiscalizada por 173 nações participantes, a IDA visa reduzir a pobreza fornecendo empréstimos a juros baixos a zero (chamados de “créditos”) e subsídios para programas que promovam o crescimento económico, reduzam as desigualdades e melhorem as condições de vida das pessoas.
Um reaprovisionamento ambicioso e bem-sucedido da IDA até dezembro de 2021, fundamentado por um forte enquadramento político, apoiará uma recuperação verde, resiliente e inclusiva nos países da IDA à medida que abordam os efeitos imediatos e de longo prazo da pandemia, acrescentou o Comunicado. [IDN-InDepthNews – 21 de abril de 2021]
Crédito da Imagem: Banco Mundial